segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dilma e nós, mulheres do planeta

Moema Gramacho

Memória imersa numa pequena cela onde uma jovem de 20 anos cumpria pena, um velho companheiro viaja no tempo com lágrimas nos olhos. “Naquela época, pensar que algum de nós seria presidente do Brasil não era uma utopia, era delírio”. Olhos na TV ele repete a frase como se quisesse convencer-se do que ouvia. Para muitos de nós, a ficha também demorou pra cair. Afinal, tínhamos levado ao cargo máximo da Nação não exclusivamente um militante dos movimentos contra a ditadura militar, um ex-preso político, uma pessoa que participou da luta clandestina pela liberdade de um povo. Esse militante era - alem de tudo isso - mulher. A primeira mulher presidenta da República do Brasil.
Vivemos hoje o que era uma possibilidade remotíssima até bem pouco tempo atrás. Falo de um tempo recente, ontem, talvez; daí a importância - ainda não muito bem dimensionada - da eleição de Dilma Roussef para nós, mulheres brasileiras. Ou melhor, para nós mulheres do planeta, considerando que o Brasil, uma das maiores economias do mundo é, antes de tudo, uma influência forte em questões sociais, de combate à fome, de respeito aos direitos humanos, de busca da paz mundial. A história nos ensina que civilizações chefiadas por mulheres na antiguidade valorizavam a paz, a beleza, os valores familiares e humanos, o bem estar coletivo, as invenções e descobertas que trouxessem contribuições para suas comunidades, a igualdade entre os povos. Está no nosso DNA, na herança ancestral de nossas avós.
Pulso forte Dilma tem. Sem perder a ternura, contudo. Acredito que para a maioria dos brasileiros o momento da descoberta dessa grande mulher se deu em 2008, durante seu depoimento à CPI dos Cartões. Provocada pelo senador Agripino Maia (DEM) que a acusava de ter mentido na adolescência, quando esteve detida pelo regime militar, Dilma emocionou o país com sua resposta. “...Eu tinha apenas 19 anos, senador. Fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada”, retruca com voz embargada. “Qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para seus torturadores compromete a vida de seus iguais, entrega pessoas para serem torturadas e mortas. Eu me orgulho de ter mentido na tortura”. Silêncio na platéia por longos minutos. Lágrimas incontidas. Aplausos. Aqueles momentos repercutiram em milhões de lares de brasileiros que, agora, na eleição, traziam lá no fundo do peito a resposta para o tucanato que tentava lhe impor a pecha de “terrorista”.
Pouco depois comprovei outra face de Dilma. A da mulher competente, justa, estrategista e articuladora. Foi durante reunião de governadores e prefeitos sobre o PAC Saneamento. Levei o projeto debaixo do braço, torcendo para dar a Lauro de Freitas o esgotamento sanitário que a cidade tanto clamava. Com a serenidade de quem conhece a fundo os assuntos e o país, Dilma me perguntou. “Vai jogar o esgoto pra onde, Moema”. Não havia. Ela conhecia cada reivindicação, de cada estado ou município ali presente. Nada lhe escapava. Também não estava ali para me agradar e sim para resolver um problema social. Conciliadora diante da minha frustração, Dilma assumiu o compromisso de liberar os recursos necessários após a conclusão do emissário submarino de Jaguaribe. E assim foi feito. A obra já começou e dentro de dois anos teremos 100% de esgotamento sanitário em nossa cidade.
Depois desse episódio estive com Dilma inúmeras vezes. Em cada um desses encontros, um novo exemplo de gestão pública, ética, compromisso com o projeto social do presidente Lula, com princípios e valores humanos. A mãe do PAC, do Minha Casa Minha Vida, ela e Lula investiram em infraestrutura “como nunca antes na história desse país”. Obras estruturantes, obras imensuráveis: não tem preço que pague a felicidade da realização do sonho da casa própria para quem mais precisa. O operário, chamado de semi-analfabeto, que mais investiu em Educação, nos deu mais uma lição: “Que ninguém mais ouse duvidar da capacidade da mulher”.
E, de fato, Dilma tem sido um símbolo de superação. Superou a tortura, superou um câncer. Superou com Lula a crise internacional com altivez. Superou o preconceito e todas as calúnias durante o processo eleitoral, inclusive dizendo preferir “o barulho da imprensa livre ao silêncio da ditadura” e tem um grande desafio – superar Lula, principalmente porque, como mulher, será mais c obrada ainda.
É certo que muita coisa vai mudar no universo feminino depois de Dilma presidente, não tenho dúvida. De imediato, o estímulo a que mais mulheres ocupem seus espaços nas esferas de poder. Seja no lar, na vida profissional ou na política. As cotas para mulheres nos partidos seguramente serão preenchidas com mais facilidade e a luta estará mais igual, não por força das circunstâncias, mas porque a mulher usará seu direito a voz e vai fazer a sua hora.
Nós, metade da população brasileira, mãe da outra metade e os homens que acreditam nas mulheres, elegemos Dilma para presidenta do Brasil. Demos, assim, o primeiro passo para transformar os próximos dez anos na década da mulher no poder. Pra começar. Nós podemos. Valeu, Dilma Roussef. Ninguém para essa mulher. Com a força de Deus e do povo.

Artigo publicado na Tribuna da Bahia em 09/11/2010

Muito obrigada, meu amigo Lula

Moema Gramacho

No dia 1° de janeiro de 2011, ao mesmo tempo em que iniciamos um marco histórico com a posse da primeira mulher presidenta da República, comemoramos como maior legado da Era Lula, a imensa inclusão social, democracia e desenvolvimento para o país.
Lula é o Presidente do Povo e, também, o presidente mais municipalista da história deste país. Tratou com igualdade todos os municípios e regiões, independente da cor partidária. Os índices recordes de aprovação do seu governo – que no final do mandato superam a casa dos 85% - mostram que Lula foi um grande estadista, voltado para o bem da economia nacional, aliada ao combate sistemático da pobreza secular, tecendo um tempo de inclusão social jamais visto.
Lauro de Freitas hoje é destaque em desenvolvimento municipal, e isso se deve muito a uma parceria entre governo do Estado e ampla implementação de programas e ações sociais do Governo Federal, ao modelo de gestão participativa inaugurado pelo grande companheiro. Seu exemplo nos inspira e motiva. Hoje, servimos 3 mil refeições diárias a R$1 no Restaurante Popular, programa que faz parte da política pública de segurança alimentar e nutricional, juntamente com Banco de Alimentos, Cozinha Comunitária, Compra Direta Local, todos vinculados ao do Ministério do Desenvolvimento Social.
Recentemente entregamos 120 casas para famílias atingidas por enchentes, numa parceria com o Ministério das Cidades, e outras 193 serão entregues no início do próximo ano. Já estão em construção 2.570 unidades do Minha Casa Minha Vida e agora estamos contratando mais 2 mil unidades, realizando o sonho da casa própria para essas de famílias. As obras do PAC já beneficiam milhares de pessoas e Lauro de Freitas, só agora sairá de 9% para 100% de esgotamento sanitário. Somos referência no Programa Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde, ao saltar do 438° lugar para o primeiro lugar entre os municípios baianos, com 27 consultórios odontológicos, um pronto socorro 24h e um Centro de Especialidades Odontológicos(CEO).
Lauro de Freitas é apontado pelo MDS como modelo de gestão nas políticas sociais. Em 2005 eram apenas 400 bolsas família; chegamos a 17 mil, colocando em circulação na economia local mais de 2,5 milhões de reais por mês. Paralelamente, investimos na emancipação econômica dos beneficiários com oferta de capacitação em inúmeras áreas.
Samu, CRAs, CAPS mental e CAPS prevenção às drogas, primeira Agência do INSS, agência dos Correios em Itinga, PRONASCI, PELC, Mulheres da Paz, Programas Segundo Tempo e Escola Aberta, Centro de Referência e prevenção à violência contra mulher, dentre outros. Tudo isso só pode ser feito pela sensibilidade de um presidente que compreende as necessidades do povo. Foi preciso ele, que chamavam de analfabeto, para ampliar a oferta de vagas nas universidades e No ensino fundamental para os filhos do povo, além de investimento nas escolas técnicas federais, sucateadas na gestão FHC.
Tenho orgulho de dizer que a nossa gestão em Lauro de Freitas recebeu por duas vezes o presidente Lula para inaugurar ou anunciar obras em bairros carentes – Itinga e Portão. Isso é inédito na história recente do país. Tenho orgulho ainda maior de registrar que nesse período, com Lula na presidência, Lauro de Freitas foi o município que mais gerou emprego no Estado e o quarto no país, reflexo da prioridade dada às micro e pequenas empresas e empreendedores individuais.
O Brasil, que se acostumou com seu jeito irreverente e franco, seguramente sentirá muita saudade do homem que fez história nesse país. É como ele próprio disse, “saudade a gente tem do que gostou”. Mais ainda quem como nós, que com ele convivemos desde os tempos de porta de fábrica, da construção da CUT e do PT, das lutas na rua por direitos e democracia; e lá se vão 30 anos. Vamos sentir saudade, sim. Mas também tirar dela a força para continuar aperfeiçoando seu estilo de gerir o bem público para o povo.
Agradeço a Deus por ter colocado você em nosso caminho. “Que ninguém jamais ouse duvidar da capacidade de luta da classe trabalhadora” (Lula).
Muito obrigada meu amigo, companheiro, presidente Lula.